terça-feira, 3 de abril de 2007

Rosa- poema de Amilcar cabral

ROSA

Rosa.

Chamam-te Rosa, minha preta formosa,

E na tua negruraTeus dentes se mostram sorrindo.

Teu corpo baloiça,

caminhas dançando,

Minha preta formosa,

lasciva e ridente

Vais cheia de vida,

vais cheia de esperança

Em teu corpo correndo a seiva da vida

Tuas carnes gritando

E teus lábios sorrindo...

Mas temo a tua sorte na vida que vives,

Na vida que temos...

Amanhã terás filhos, minha preta formosa

E varizes nas pernas e dores no corpo;

Minha preta formosa já não serás Rosa,

Serás uma negra sem vida e sofrente,

Serás uma negra

E eu temo a sua sorte.

Minha preta formosa não temo a tua sorte,

Que a vida que vives não tarda a findar...

Minha preta formosa, amanhã terás filhos

Mas também amanhã...... amanhã terás vida!

Poema escrito por Amílcar Cabral e publicado na Revista "Mensagem", Ano I, nº 6, de Janeiro de 1949: