Rosa.
Chamam-te Rosa, minha preta formosa,
E na tua negruraTeus dentes se mostram sorrindo.
Teu corpo baloiça,
caminhas dançando,
Minha preta formosa,
lasciva e ridente
Vais cheia de vida,
vais cheia de esperança
Em teu corpo correndo a seiva da vida
Tuas carnes gritando
E teus lábios sorrindo...
Mas temo a tua sorte na vida que vives,
Na vida que temos...
Amanhã terás filhos, minha preta formosa
E varizes nas pernas e dores no corpo;
Minha preta formosa já não serás Rosa,
Serás uma negra sem vida e sofrente,
Serás uma negra
E eu temo a sua sorte.
Minha preta formosa não temo a tua sorte,
Que a vida que vives não tarda a findar...
Minha preta formosa, amanhã terás filhos
Mas também amanhã...... amanhã terás vida!
Poema escrito por Amílcar Cabral e publicado na Revista "Mensagem", Ano I, nº 6, de Janeiro de 1949: